quinta-feira, junho 02, 2011

Ser

I

A lâmpada da rua estava acesa
Ignorando toda a luz do sol
Irradiando sua própria luz
Mostrava sua força e energia


II

Tudo é ilusório e frágil
O que te dá a possibilidade de se iludir é igualmente ilusório e frágil

Não é possível ser algo
Intervenções externas e reações químicas dominam tua existência

Desfaça o que fez e encontrará teu espírito
Te encorajo a fazer e adianto que não conseguirá

O controle não existe senão no tempo


III

Se não há controle, não há sentido

Orgulho-me do que fui mas serei melhor
Agora, despeço-me dos inferiores

Fragilidade? Ilusão?
Aproveitarei da fragilidade para quebrar
E da ilusão para criar


IV

O novo sustentáculo me destaca.

Sinto os olhares e os julgamentos.
Sinto-me diferente dos demais
E considero a possibilidade
De toda essa vaidade
Ser completamente
Proposital.

Presunção?

O conforto se tornou incômodo,
O idealismo se tornou rígido
E a composição se tornou arrogante.

O novo sustentáculo me fez apear
E sentir um chão que não é.


V

A energia abalou a lâmpada
Agora a eletricidade circula, mas não flui

A Importância, em todas as suas aparições, surpreende pelos trajes
Consegue prioridade quando ganha a atenção

A Importância é fumaça de artifício
Ao resto, as sobras


VI

Eis que surge, originada do Infinito e do Sempre, a linha relativa
Segue com todos seus atributos relativos
Nada é certo além dela mesma

A dona do sentido não o aceitou para si e se mostrou irreal
Com sua inegável existência, ela se mostrou irreal
A Existência se curvou

Na linha relativa, o voltar e o parar não são verbos


VII

Frágil, o vidro ignora seu interior.
Superficial, ignora sua própria constituição.
Divino por sim.

Retirados os restos imortais, a Imortalidade surge.

Um comentário:

lordmanshoon disse...

"Tudo é ilusório e frágil"

Essa instável felicidade eterna almejada e nunca atingida.
O Sol tá derretendo meu vidro.