sábado, novembro 28, 2009

Fragilidade

Felicidade, essa é a palavra.
Mas em sua titânica vastidão não cabe um pequeno texto sobre nada.

Estou insatisfeito como já estive, mas o que me incomoda é esse contexto que se confunde com meu cotidiano.
Estou incomodado com o alheio que se alocou em níveis profundos de irritação, e o que me tranquiliza é a insignificante ou inexistente crença no tempo.
Me irrita, sim, fatos que me influem quando eu deveria me ausentar e largar às moscas o que pertence a elas.
Decepção, desgosto, desespero.

Felicidade. Essa é a palavra.
Tão absurdamente frágil em seu objeto quanto o tamanho do seu campo de abrangência.

sábado, setembro 12, 2009

Outrora Inebriante

Indireta é algo tão inútil, bobo, covarde.

Se quer saber se algo é inocente ou intencional, pergunte diretamente.
Mantenha seus assuntos internos, internos. Divulgá-los aos ventos enquanto só dois ou três riem é intolerável, ridículo, babaca.

Enquanto isso, fique com minha indiferença.

E agradeça, poderia usar outras maneiras mais intragáveis que essa.

quarta-feira, setembro 09, 2009

Memento cliché

Vestida da cor que os olhos lhe derem, se porta como dama eterna da verdade absoluta, mas é só de nuvem de questões que não aprendeu a ser céu aberto.

Esconde-se em redoma de vidro, se fragiliza isolada da liberdade em falsa segurança - e parece gostar da ilusão de ter um mundo.

Se tudo lhe é prejudicial, que lhe venha a ferida que ensina. Seu erro é fatal, mas você não erra em sua perfeição definida.

O culpado é seu escravo que não se vê como senhor.

domingo, julho 26, 2009

Limite imposto

Cidade dos muros altos e espinhos intimidadores, dos executivos e mendigos imundos, de quem são seus conceitos?

O essencial é social, a mistura gera pressão e o rendimento se transforma em banalização.

Pedaço de biosfera urbana que sou - dizem-me humano - desfaço meu DNA em solução alcalina e peço que me suportem até o fim.

sábado, maio 02, 2009

Frívolo

Me drene.
Roube o que há de espesso e expresso,
O que sobrou de líquido e espírito,
Mas não leve o meu vazio.

Me peça.
Alguns favores e outros mais,
Fechaduras, cofres, carros-fortes,
Mas as chaves eu não entrego.

Me note.
Não sou elogios e elegias distorcidas,
Sou reta distorção.

Não me veja.
Pela matéria reflito o que não quero,
E o sensível é o que se perde.

quinta-feira, abril 09, 2009

Inconsistência

Meu corpo, máquina perfeita e frágil, funciona melhor que a desordem da minha mente e é ainda controlado por ela. Todos esses movimentos descontrolados e organizados se mostram mais próximos do pensamento do que a chamada racionalidade. Mas é exatamente essa essência automática que eu nego para mim.

Prefiro contrariar os movimentos cotidianos e idênticos aos da maioria que acontecem internamente e aceitar o caos como patamar padrão. No entanto, essa negação é inconsistente, é como algo mecânico querendo ser elétrico.

Essa inconsistência é logicamente ridícula, mas eu não sigo essa lógica genial.

A mim parece plausível.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Chamam-te Olhos

Minha diminuta importância diante de tudo que me circula, mantém-me tão limitado quanto uma tira vermelha em um pacote de bolachas. Se me puxam, abre ao resto. Se me mantém, apodrece intacto. O que seria pior?

Presença sequer notada na multidão - e sem motivo para ser - que vê a mesma com olhos assustados escondidos atrás da carne que envolve a face externa, que demonstra, com algum sucesso, o que é preferido pelos transeúntes. Ou o inverso, ou alguma terceira opção.

E a distância entre tudo e eu envolve-se do destilado vazio vacuoso e estufa-se de confortável e macia coisa nenhuma, como se todas as coisas fossem importantes demais para se aproximarem. Porém essa sensação de repulsa que nunca me deram, e sempre apliquei como presente, corre no âmago da minha auto-estima deturpada por um mundo que nunca teve a intenção de fazer-me mal. Quem é pior?

É então visão, que de tão interna nomeia-se visceral, regada por sangue e gás e excretas em excesso recebidas desmedida e desfiltradamente, que eu digo com algum orgulho: minha.