terça-feira, abril 18, 2006

Extremismo simbolista do terrorismo poético

Uma laranja.
Aliás, um feto de laranja.
Cresce, cresce, amadurece, cai.
Abre uma rachadura na casca, seu suco é ácido.
Caem mais laranjas dessa árvore fértil porém abandonada. Mais suco ácido no chão.
Chegam pássaros, formigas, moscas depositando seus ovos que crescem, crescem, viram vermes, amadurecem, viram moscas e botam mais ovos. Chega o calor do sol, o suco evapora, sobe, vira parte de nuvem que vira parte de uma chuva que cai e vira parte do chão.
Mais uma laranja.
Colhida, comida, vendida, espremida.
Descascada, cortada, chupada, descartada.
Mais suco com ácido. Fazendo revoluções internas; guerras.
Mais criaturas. Morrendo, nascendo, crescendo, caindo ou não.
Mais evaporação; gases e explosões.
Mais imagens, sons, sabores, texturas, aromas.


E mais crianças pedindo Tang.

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma pessoa.
Aliás, um feto de humano.
Rasga por dentro doutra e furta vida como um vampiro pútrido.
Come terra e assimila carne e hormônios. Exala sabores e comete outra cissiparidade.

Duas pessoas. Três pessoas.

Eu tenho medo de você.
Fantástico.