terça-feira, abril 29, 2008

Absolutamente Relativo

Quando não há mais o que dizer, pra quê se calar? Sempre há novos planos e dimensões nos assuntos repetidos a serem explorados, e, indiferente de quem, qual ou o quê, sempre tem palavras novas pra substituir e figurar melhor seu panorama.

Diz-se infinito o que não tem fim, mas o que não tem fim? Mesmo o infinito acaba, uma hora ou outra alcança-se o limiar entre a luz intensa e o nada, mas não imagine esse nada como trevas, pois até as trevas é algo e a luz intensa sempre consegue ser mais cegante que a escuridão total.

Isso demonstra quão ilimitados somos dentro de nossa limitação, ainda que o limite seja irreconhecível (enquanto não o é, ultrapassamos ou definhamos na escassez de vida). Internamente temos um universo inteiro; um organograma de todas nossas possibilidades mora nesse universo, com superiores e subordinados mas não somos uma empresa, somos um universo. O que expomos mundo a fora é um reflexo do tal organograma, indiscutivelmente. Uma infinidade de possibilidades acontece a todo momento dentro da sua rede neural e infinitos materiais e sensações o cerca, mas essa infinidade não é absolutamente infinita.

Infinidade absoluta é utópica como qualquer coisa absoluta. Enquanto houver outros cérebros a funcionar, qualquer coisa absoluta é automaticamente falsa. Estamos sempre relativamente errados como esse texto. (ou não.)

Afinal, pra quê serve a expressão? se dela só temos a prova concreta que não somos iguais. Convivemos em infinita diferença, mesmo que ela não exista.
Para todos os propósitos é melhor que continue assim, sem resposta. A resposta não caberia em nenhum idioma humano.

domingo, abril 13, 2008

Volição

Eu seria capaz de criar, mas falta capacidade
Eu seria capaz se eu fosse capaz de criar
Eu poderia ter conhecimento e criatividade, aí criaria
Eu poderia ter capacidade também, mas tudo me falta.

Para capacidade falta disciplina, e disciplina me falta
Falta contato com criações, opiniões e vontade? Não!
Falta disciplina, ah! malditinha, sinto imensamente sua falta
Não sei se já a tive para sentir falta, mas me falta a falta.

Para disciplina falta capacidade e a recíproca se manifesta
e responde em berros e gritos e movimentos bruscos que
poderiam ser mais bruscos se tivesse capacidade de fazê-los ser.

Para criar e saber e conhecer e, finalmente, fazer,
eu poderia ter capacidade, disciplina e criatividade.
Não as tenho, não as tive, mas sinto falta de sentir saudade.